Um estado outrora considerado a joia da Índia por sua beleza natural e herança cultural diversificada agora está marcado por cartazes, veículos carbonizados e casas em chamas. Há exatamente dois anos, no dia 3 de maio de 2023, a violência etnorreligiosa eclodiu em Manipur entre as etnias kuki e meitei. O conflito deixou milhares de deslocados, centenas de mortos, vilarejos e casas destruídas e centenas de igrejas saqueadas e queimadas.
Vinte e quatro meses após a violência, o estado ainda está devastado e dividido. Paz e harmonia tornaram-se sonhos distantes. Os deslocados ainda estão espalhados e sem abrigo, com a incerteza pairando sobre as esperanças das famílias de retornar às suas aldeias e casas.
Testemunhos dos deslocados
Lalboi* um cristão deslocado da comunidade tribal, reflete: “Três de maio de 2023 veio e passou, mas nunca deixou nossos corações. Ainda é a noite mais longa de nossas vidas. Eu testemunhei os tiros, o poste de luz sendo derrubado e a explosão de cilindros de gás, com fumaça envolvendo os céus, enquanto nos escondíamos em nossas casas com luzes apagadas e em silêncio”.
A casa de Lalboi na cidade abrigava quatro gerações, e sua família estava envolvida em ajudar os indivíduos marginalizados na sociedade. Seu pai, com apoio local e verba do governo, fornecia assistência educacional para crianças necessitadas, estabelecia meios de subsistência sustentáveis para famílias pobres e conectava pacientes crônicos a tratamentos médicos adequados. Tudo isso mudou em uma única noite. Confira o testemunho completo na notícia.
Outra jovem cristã deslocada, Neinu*, da área montanhosa, teve que fugir com sua família para um estado vizinho. Com a ajuda das forças de segurança, foram levados para um acampamento de deslocados. “O campo comunitário comum, que antes sediava nossos jogos, agora nos abrigava como cidadãos deslocados, expulsos de nossas casas. Dormi em um espaço aberto com nada além de um tapete rasgado entre o chão irregular e minhas costas.”
Mas em meio ao ódio e à crescente inimizade, há testemunhos não contados de famílias de ambas as comunidades, kuki e metei, ajudando umas às outras com suprimentos de medicamentos, abrigo e mantimentos. Elas oram e esperam por um futuro onde possam viver em unidade, assim como faziam antes de 3 de maio de 2023.
Muitos, como Lalboi e Neinu, querem acreditar que tudo isso é apenas um pesadelo, uma nuvem passageira. Olhando para trás, eles se perguntam quantas orações foram compartilhadas naquela noite. Eles sobreviveram para contar seus testemunhos, mas se perguntam se algum dia poderão fazer isso sem sentir o peso do ódio. Eles serão capazes de transformar isso em uma lição de paz para as futuras gerações?
*Nomes alterados por segurança.
Fonte: Portas Abertas
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