Ao longo do último ano, uma nova lei deu respaldo legal ao controle de longa data do regime cubano sobre a informação e a expressão. À medida que a censura se intensifica, cristãos cubanos estão levantando suas vozes com cautela para compartilhar como essas restrições estão impactando sua fé e ministérios.
Ángela*, uma líder cristã cubana de 48 anos, lembra que aprendeu desde cedo a ser cuidadosa com suas palavras. Frases como “as paredes têm ouvidos” e “é melhor ser senhor do seu silêncio do que escravo das suas palavras” eram conselhos comuns. Hoje, esses avisos se tornaram realidade diária.
Cada conversa, mesmo com familiares no exterior, envolve risco. Ela não pode falar livremente sobre as crises econômica ou energética de Cuba, nem sobre a vigilância dentro de sua igreja. Qualquer comentário relacionado a esses temas pode ser considerado “contrarrevolucionário”.
Censurados
Embora a repressão à informação exista há décadas, uma lei recente a formalizou. A Lei 35 sobre Comunicação Social – promulgada em outubro de 2024 – alarmou muitos, especialmente os cristãos. Em entrevista ao canal de televisão France 24, Castro declarou: “a Lei 35 não é o início da censura, é a legalização oficial da censura”.
Entre outras disposições, Castro afirma que a ambiguidade da lei tem um propósito claro. Ao usar termos vagos como “notícias falsas” ou “comentários que prejudicam o prestígio do país”, ela dá às autoridades o poder de punir arbitrariamente qualquer dissidência. A lei regula os meios de comunicação tradicionais e digitais, incluindo redes sociais e influenciadores, garantindo que nenhuma mensagem escape ao controle do regime.
Para os cristãos na ilha, a lei levanta sérias preocupações. Eles poderão continuar compartilhando sua fé sem medo? O que acontecerá com os esforços de evangelismo ou discipulado online? Como isso afetará o crescimento ministerial em Cuba?
Liliana*, uma líder cristã cubana, diz que até mesmo uma mensagem sobre a vontade de Deus para Cuba pode ser interpretada como uma declaração política, se chegar aos ouvidos de alguém alinhado ao governo. “Se você se expressa e eles interpretam mal, no dia seguinte, um oficial do Ministério do Interior pode bater à sua porta, acusando você de ser contrarrevolucionário”, ela explica.
A igreja que permanece
Antonio*, pastor em Cuba há mais de cinco anos, enfatiza que a ameaça não é mais teórica. É uma realidade prática. Ele observa que muitos recursos online antes usados para sermões ou estudos teológicos agora estão inacessíveis. “Antes podíamos buscar notícias ou recursos teológicos. Agora, muitas páginas não carregam ou foram bloqueadas”, ele aponta.
Apesar do contexto adverso, os cristãos cubanos permanecem firmes em seu chamado. Como afirma Ángela: “As comunidades de fé podem desempenhar um papel fundamental na promoção da verdade e na transformação social”.
É por isso que a igreja cubana está enviando uma mensagem ao corpo global de Cristo: “Não parem de orar por nós”. Apesar da desconexão e da censura, o desejo deles é levar a luz de Cristo aos cantos mais escuros da ilha.
*Nomes alterados por segurança.
Fonte: Portas Abertas
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