Movimentos cristãos internacionais lançam guia de oração para a COP30

Movimentos cristãos internacionais lançaram um guia de oração específico para a COP30, prevista para novembro em Belém do Pará. A proposta tem o objetivo de mobilizar igrejas e fiéis em uma jornada de dez semanas de oração, com temas que vão desde decisões políticas até a ética no uso dos recursos naturais. O material parte da convicção de que as ações humanas são responsáveis pelas mudanças climáticas e propõe a oração como ferramenta preventiva contra desastres ambientais.

Entre os que comentam a iniciativa está o pastor Sérgio Junger, presidente da Associação dos Capelães do Estado do Espírito Santo. Ele reconhece o valor da oração, mas aponta uma perspectiva diferente sobre esse tipo de mobilização. Para ele, a oração deve estar inserida no cotidiano de cada cristão, sem depender de grandes eventos ou agendas internacionais. Ele acredita que o papel do servo de Deus é orar continuamente, por todas as coisas, todos os dias.

O guia de oração pela COP30 destaca que o conhecimento científico deve ser valorizado pelos cristãos

O guia de oração pela COP30 foi elaborado por organizações como Tear Fund, Renovar Nosso Mundo e 24/7 Prayer, que defendem a integração entre fé e ciência. Os autores destacam que o conhecimento científico deve ser valorizado pelos cristãos, e que há uma responsabilidade coletiva no enfrentamento da crise ambiental. O documento ainda propõe atividades criativas para acompanhar as orações, como escrever pedidos em lenços de papel, símbolo da fragilidade das decisões em prol do planeta.

Pastor Sérgio Junger demonstra ceticismo diante da proposta. Segundo ele, a fé não deve ser condicionada a pautas humanas. Em suas palavras, a oração deve partir de uma relação direta com Deus e ser direcionada à realidade imediata de cada pessoa. Citando Tiago 1:27, Junger reitera sua posição: “A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e guardar-se da corrupção do mundo”.

Simbolismo religioso

A sede da COP30 em Belém também carrega um simbolismo religioso. A cidade foi palco da fundação da Assembleia de Deus no Brasil, hoje o maior grupo evangélico do país. O evento global que reúne líderes mundiais para discutir ações contra o aquecimento global terá, portanto, um pano de fundo histórico marcado pela presença evangélica. Ainda assim, a expectativa de adesão das igrejas ao guia de oração é vista com reservas, dada a resistência a instituições como a ONU e a OMS.

Para o pastor capelão, movimentos como esse geram barulho, mas podem carecer de impacto real. Ele destaca que não crê que a Bíblia dá margem para um cenário otimista em relação ao futuro do mundo. Segundo ele, o papel da igreja é orar pelas pessoas próximas e pelas situações concretas que afetam o dia a dia da comunidade.

Os organizadores do guia apostam na força da oração coletiva como estímulo à ação consciente. A proposta é que, ao orar pelos tomadores de decisão e pelas comunidades vulneráveis, os cristãos também se comprometam com mudanças em seus próprios hábitos. A intenção é provocar reflexão, mobilização e engajamento prático das igrejas diante da emergência climática.

Sérgio Junger, por sua vez, vê na oração diária e constante uma forma mais eficaz de transformar a realidade. Ele diz que interceder por líderes faz parte da sua prática de fé, embora sem esperar soluções terrenas. Para ele, cabe ao cristão permanecer fiel, enfrentar os desafios com coragem e se manter em oração sem cessar, como orienta a Bíblia.

Destruição ambiental

O lançamento do guia ocorre em meio à tensão provocada pelo chamado PL da Devastação, projeto que flexibiliza regras ambientais no país. Para os grupos cristãos engajados na campanha de oração, a aprovação da lei evidencia a urgência de uma resposta espiritual e ética diante da destruição ambiental. O guia surge como um apelo por responsabilidade e sensibilidade diante da criação.

Apesar das divergências, o tema abre espaço para um debate sobre o papel das igrejas diante da crise climática. O encontro entre fé e ecologia, embora ainda polêmico em alguns segmentos, revela que a espiritualidade cristã pode contribuir para a construção de um mundo mais justo e sustentável. O pastor capixaba resume sua posição dizendo que a oração precisa estar voltada à vida real e que cada servo deve orar por tudo, em todo tempo, com sinceridade e compromisso.

Fonte: Comunhão

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