Um ataque suicida durante um culto na Igreja de Santo Elias, no bairro de Dweilaa, em Damasco, capital da Síria, deixou pelo menos 25 mortos e 63 feridos no último domingo (22), segundo agências internacionais. A explosão, provocada por um homem-bomba que invadiu o templo, ocorreu enquanto fiéis participavam de um momento de oração. Testemunhas relataram cenas de pânico, gritos e correria.
A comunidade cristã local ainda está em estado de choque. De acordo com a agência DW, uma testemunha afirmou à Reuters que o agressor detonou os explosivos dentro da igreja. A TV estatal síria confirmou que o atentado foi causado por um atentado suicida.
A AFP, com correspondentes no local, descreveu o cenário de destruição: móveis e bancos despedaçados, além de poças de sangue espalhadas pelo chão. Fontes de segurança afirmaram que o ataque foi realizado por dois homens, sendo um deles o responsável por acionar o colete explosivo.
Segundo o Ministério do Interior da Síria, antes da detonação, o agressor teria disparado contra os fiéis. A autoria é atribuída a um integrante do grupo extremista Estado Islâmico, embora até o momento nenhuma organização tenha reivindicado oficialmente a ação.
O ministro do Interior, Anas Khattab, declarou que equipes especializadas de sua pasta já haviam iniciado a investigação sobre o que chamou de “crime repugnante”. Segundo ele, “esses atos terroristas não deterão os esforços do Estado sírio em alcançar a paz civil”, acrescentou.
O escritório do enviado especial da ONU para a Síria, Geir Pedersen, condenou o ataque e pediu que os sírios “se unam para rejeitar o terrorismo, o extremismo, a incitação e o ataque a qualquer comunidade”.
O atentado marca o primeiro ataque suicida em Damasco desde a queda do regime de Bashar al-Assad, deposto por uma insurgência liderada por islamistas em dezembro de 2024. O atual presidente sírio, Ahmed al-Sharaa, prometeu proteger as minorias religiosas durante a fase de transição do país.
Durante o atentado, a igreja vizinha — Saint Joseph — também realizava um culto. Líderes cristãos e organizações de apoio à igreja na Síria expressaram profunda tristeza e preocupação com a escalada da violência. Mourad (pseudônimo por questão de segurança), cristão local ligado à missão Portas Abertas, desabafou: “Pessoas inocentes foram mortas apenas por sua fé. O trauma é profundo. Recebemos ameaças constantes de que seremos os próximos.”
Ele destacou ainda que o trauma do que aconteceu atingiu profundamente à comunidade. “Sentimentos de raiva e indignação se misturam à dor e ao questionamento: por que isso teve que acontecer de novo?”, relatou Mourad, que acrescentou: “Os cristãos recebem ameaças constantes de fundamentalistas, que dizem abertamente que seremos os próximos. Há grupos armados espalhados por todo o país, sedentos por mais mortes. Nossa oração é para que a comunidade internacional se mobilize, e que o sangue desses mártires sirva para proteger os que ainda permanecem aqui.”
Uma jovem cristã, também sobrevivente do ataque, resume o sentimento de muitos: “Nada pode descrever o medo que sentimos naquele momento, a dor de perder pessoas tão próximas. Eram inocentes, mortos apenas por crerem diferente, por amarem Jesus.”
O sacerdote Baselios relatou momentos de terror: “Estava pregando quando ouvimos os tiros. Depois vieram os gritos. Todos se jogaram no chão. O medo era indescritível”. Em meio ao caos, ele contou o momento mais impactante: “Uma criança, que perdeu a família, correu até mim e disse: ‘Me esconda, padre, eu não quero morrer’”.
A Síria ocupa atualmente a 18ª posição na Lista Mundial da Perseguição (LMP) 2025, elaborada pela Portas Abertas. O levantamento anual aponta os 50 países onde os cristãos enfrentam mais hostilidade por sua fé.
Fonte: Comunhão
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